domingo, 26 de abril de 2009

Amália Hoje



Para os que não acreditam nos valores da nossa música, de vez em quando surgem motivos que os obrigam a repensar tais conclusões. Depois de Dead Combo, Legendary Tiger Man, X Wife, Sean Riley, entre uma mão cheia de outros nomes, surge o projecto Amália Hoje. Surpreendente, no que até agora deu a ouvir ao mundo, este é um arrojado e aventureiro projecto de valiosos músicos nacionais, que, sem medo do fracasso ou do ridiculo, fazem qualquer um de nós voltar a acreditar nas palavras ditas em português e nos sons que transmitem sem pudor algum um certo sentido de "portugalidade". Nos dias que correm a palavra ganha renovada força e o sentido acrescido valor. Nos dias que correm, é preciso gritar "basta!", chega de vergar, vamos voltar a sentir orgulho em nós e dar o valor merecido a uma língua que já deu tanto ao mundo. A Sónia e o Fernando, bem como os restantes companheiros, estão de parabéns pela coragem que demonstraram e pela qualidade que continuam a colocar em todos os trabalhos que trazem até nós. A ouvir vezes sem conta como banda sonora de algo que é urgente recuperar.




quarta-feira, 22 de abril de 2009

terça-feira, 21 de abril de 2009

Palavras...



Quando as palavras falham
Como dizer a alguém amo-te!
Quando o sentido da expressão foge
Como afirmar preciso de ti!

Sentimentos que se diluem como a espuma nas ondas do mar
Acabam morrendo na areia sem ninguém deles se apaixonar
Frases que ficam por falar por timidez ou sensatez
Terminam nos sonhos que as noites dos infelizes vão povoar

Problema de expressão, de gramática ou de entoação
De tudo um pouco se constrói o erro de ligação
Ligação entre o eu e o tu, ligação entre estou aqui e aqui estás tu
Diferenças que muita diferença fazem numa conversação

Na esgrima dos argumentos, dos sentidos e dos sinónimos
O tempo passa correndo em vão
Quando damos conta da sua passagem
Rapidamente afirmamos: não!

Mas, será que mais haverá para desvendar?
Na realidade, não bastará o que acabámos de encontrar?
Talvez não, pois o ser humano caracteriza-se pela insatisfação
Palavra em nome da qual persegue, por vezes, uma mera ilusão



domingo, 19 de abril de 2009

To those i love...


Lhasa tem novo album. Celebremos o valor das palavras, comemoremos a chegada de excelentes canções! Permitamos que a emoção entre nas nossas existências e emocionemo-nos ao som da sua voz rouca e profunda.



Rosa Esperança


Rosa Esperança, título de peça, lema de vida e de sobrevivência, grito de alerta.
É pura emoção o que, passadas algumas horas, ainda sinto ao escrever estas linhas sobre algo que verdadeiramente me transcendeu. De projecto a sonho tornado realidade, Rosa Esperança tem a capacidade de, de uma forma crua e sem rodeios, nos fazer acordar para algo que muitos querem ignorar, virando a cara, o cancro de mama. Mas, mais do que a doença ou a horrível herança que ela deixa às que por ela passam, esta peça tem a riqueza de nos dar algo de suma importância, algo a que chamamos esperança. Cada uma daquelas guerreiras é a prova viva de que é preciso lutar, nunca desistir, nunca baixar os braços. Para elas um bem-haja cheio de amizade e força, além de um obrigada pelas lágrimas que chorei durante a peça, pela renovada força que me transmitiram, por me lembrarem o quanto é bom estar viva, e por, “quase à força”, me obrigarem a olhar para o lado, estender a mão e reafirmar “amo-te”. Não é fácil, nenhuma doença à qual dão a designação de “sentença” é simples, mas há que provar, lutando contra estatísticas e ideias feitas, que é possível sobreviver…e, ainda, ser feliz!
Para ti meu Amigo, que me acompanhas há duas décadas, durante as quais partilhámos momentos felizes, instantes de glória e intermináveis segundos de dor, resta-me apenas afirmar que, se o amor é eterno, aquele que sinto por ti vai muito para além da eternidade. Ao ver o trabalho impressionante que conseguiste realizar, confesso-te que é um orgulho tremendo aquele que me enche o peito ao olhar para ti, hoje, passado tanto tempo, e ver o Homem lindo que te tornaste, a Pessoa fantástica que te revelaste. Obrigada por seres quem és e por estares presente na minha vida durante todo este tempo. Um beijo!

sábado, 18 de abril de 2009

Ao fim da estrada...


Numa noite pintada de escuro breu
Ao fim da estrada um vulto se ergueu
Era uma silhueta disforme
Sem contornos ou qualquer definição
Que contra todos os medos segurou a minha mão

Com uma voz trémula e nada segura
Perguntei-lhe quem era
Com uma voz tranquila e sabedora
Respondeu sou aquele por quem espera

Num sussurro quase mudo
Contou-me ao que vinha
Levar-me de um mundo cruel
Fazer-me esquecer o caminho da ira

Desvendou-me o segredo eterno
Aquele que todos procuramos
Depois disto nada mais existe
Fica a memória do que amamos

O tempo passou a correr
Depois da noite o dia chegou
No meu leito calmo de tristeza
O meu sonho de morte acabou

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Proibido...


Estou proibida de sentir
Estou condenada a calar
Tudo o que falar
A mentira vai soar

Não sou como pensas
Sou mais, muito mais
Se ainda o quiseres desvendar
Sabes onde me encontrar

Se já nada mais houver para contar
Fica a mera e gelada dúvida no ar
De algo que quase existiu
Mas que nunca tivemos coragem de concretizar

O fogo consome-me o peito
As horas demoram a passar
O amanhã é feito de questões
Que nunca mais terei coragem de perguntar

sábado, 11 de abril de 2009

Encontro


Combinámos um encontro
Ao virar de uma esquina da vida
À hora combinada
Era por ti que eu esperava

(Será que vem…)

O cenário estava montado
No céu um Sol brilhante
Em redor um mar calmo
Pintado de um azul radiante

(Será que vem…)

Os minutos passavam
Os segundos corriam
Mas da tua presença
Nada existia

(Será que vem…)

Uma palavra teria bastado
Era tudo o que eu pedia
Para seguir em frente
Rumo a outra via

(Será que vem…)

A dúvida está presente
Cruel na sua frieza
Que faço eu aqui?
Que procuro eu nesta proeza?

(Será que vem…)

Não vale a pena ficar
Inútil será esperar
Por algo que me ultrapassa
Por alguém que não vai chegar

(Será que vem…)

Mas algo me segura
Alguma coisa me faz ficar
Colada ao lugar
Aonde sei que vais voltar

(Será que vem…)

De repente, sem aviso prévio
ou sequer notificação
Oiço a tua voz dizendo, olá
Tal como numa canção

(Veio…e agora…)

Os olhos cruzam sentimentos
Que as bocas não se atrevem a falar
Por momentos o mundo parou
Ficou suspenso num calar

E a emoção assumiu as rédeas
De um futuro por contar…

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Porque...


Porque sentimos coisas que não queremos?
Porque fazemos coisas que não entendemos?

Porque ignoramos a razão?
Porque damos ouvidos ao coração?

Porque valorizamos as palavras?
Porque acreditamos no seu sentido?

Porque nos deixamos iludir…
Por quem nos está a mentir?

Porque nos deixamos enganar…
Por quem nada nos quer dar?

Porque é tudo tão complicado?
E sobrevalorizado?

Porque não sou apenas eu?
Porque não és apenas tu?

No fundo, porque não somos apenas nós…

Mulher de corpo e alma



Mulher de corpo e alma
Ser humano na essência da existência
Menina de sentimentos e pensamentos
Adulta de desejos e anseios

Assim me apresento perante um mundo
Inóspito e frio que não me compreende
Um mundo feito de crueldade
Uma realidade composta de fealdade

Quando jovem, sonhei
Que tudo seria perfeito
Agora, já adulta, encaro cada coisa
De forma muito diferente

A desilusão passou a integrar o quotidiano
A crueza da vida instalou-se no dia-a-dia
Se quero fugir, choro
Se quero escapar, escrevo

Palavras que para outros nada significarão
Letras que para mim todo o sentido farão
Por companhia tenho a música
Cerne de uma existência rica e imperfeita

Instantes de fuga persigo
E a ti te quero comigo
Na senda de um mundo mais feliz
Na prossecução daquela perfeita canção

Os anos espelhados em meus olhos
Não podem negar os problemas vividos
Cada ruga, cada marca profunda
Testemunham um momento importante da luta

Soneto feito canção
Integra palavras compostas de muita ilusão
Segundos de vida dura
Que fazem desta uma existência pura

quinta-feira, 9 de abril de 2009

E a dor maldita que não passa



Como um punhal que corta
Indiferente à ferida e ao sangue que brota
A dor inunda-me as veias da alma
Sem tréguas, piedade ou misericórdia

Lá fora, o céu de um azul intenso
Preenche-me o olhar
Levando-me a pensar, fazendo-me acreditar

E a dor maldita que não passa…

Realidade sem qualquer sentido
Aquela onde me encontro
Nada se encaixa, tudo se resume
A gélidos farrapos de nada

Lá fora, crianças felizes brincam
Dando gritinhos e risadas
Banda sonora de uma inocência efémera,
mas para sempre desejada

E a dor maldita que não passa…

De mãos vazias encaro o futuro
Vazias de esperança ou de intenções
Numa espera muda e surda
Onde o pensamento é meu companheiro

Lá fora o tempo corre
Sem dar sinais de abrandar
Horas, minutos, segundos,
unidos num lento pesar

E a dor maldita que não passa…

terça-feira, 7 de abril de 2009

De um rosto colado à janela...



De um rosto colado à janela
Uma lágrima caía
Sabia que a espera em nada daria
Sabia que a ausência continuaria

De um rosto colado à janela
Uma lágrima brotava
O vazio que se instalara no peito
Quase sufocava…
Como um espaço oco
Sem sentido ou função
Como algo, absolutamente, desprovido de razão

De um rosto colado à janela
Uma lágrima escorria
Como o tempo escorre das mãos
Do corpo que, estando ali, colado à janela,
Faz da espera a sua existência

De um rosto colado à janela
Uma lágrima tropeça
Ao perceber que já nada existe,
Apenas pedras e areias finas
Vestígios do que passou
Testemunhos indizíveis de um tempo que acabou

De um rosto colado à janela
Uma lágrima escorrega
Interlúdio entre um passado perdido
E um amanhã que agora começa

Palavras ao som de Nyman


Perfeição tornada ilusão, é o que hoje todos procuram. Instantes fugazes onde algo de verdadeiramente único aconteça. A questão reside apenas no facto de que a perfeição não existe, nem o mais louco poderá afirmar o contrário. A eternidade tornada em algo adquirido, a perfeição transformada numa batalha ganha, a felicidade transformada numa migalha que todos perseguimos, famintos de atenção e de amor. Um olhar bastava para romper amarras, uma palavra chegava para abrir outros sonhos, mas em vez de olharmos, em vez de falarmos, fechamos os olhos e cerramos os lábios. Engolimos em seco e nada dizemos, “pode alguém ouvir e achar que estamos loucos”…
Louco seremos e continuaremos a ser se nada falarmos, se não nos revoltarmos. Não queremos perfeições, ilusões ou eternizações, queremos o momento vivido com alma, sinceridade e verdade. Queremos a vida com agruras e alegrias, queremos os corpos imperfeitos, marcados por testemunhos de guerras vencidas e dificuldades ultrapassadas, queremos amar, gritar e gargalhar, bem alto…
De facto, basta querermos… Mas, será que queremos querer? Será que temos medo de querer? Não nos escondamos por detrás de falsos moralismos, preconceitos ou frases feitas, tenhamos coragem de afirmar que não temos coragem… de querer. Estamos acomodados, confortáveis a ver o mundo girar e a vida passar sentados numa sofá, que tantas e tantas vezes, na realidade, está vazio…de gente e de alma. É necessário intervir…é urgente querer…é preciso viver.


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Um de Abril...


Porque me sinto triste?
Porque me sinto perdida?
Momentos de mágoa
Por algo que não é nem nunca foi
Palavras que doem e ferem
Não mais as quero ouvir
Vou seguir em frente
Tenho direito a viver
Meia dúzia de razões dão razão à minha opção
Meia dúzia de anos testemunham que estou correcta

Hoje é um dia especial
Hoje celebro a vida
Sentimentos de alegria e de tristeza
Convivem em mim
Como garantia de que estou viva
Assim quero-me sempre sentir
Como um mar agitado
Onde as ondas não se vergam
Onde cada dia é único
E cada emoção vivida em pleno
Furacão me chamam, furacão talvez eu seja
E assim vou continuar...