quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O Telefonema


Chegaram as seis e meia da tarde. Ela vestiu o casaco, colocou baton e deu um jeito ao cabelo. Olhou-se no espelho e achou-se bonita. Na verdade, esse sentimento era coisa rara, mas naquela tarde foi isso que sentiu ao rever-se no espelho. Saiu para a rua e uma corrente de ar frio vinda do mar, seu vizinho fiel, cravou-se-lhe nas faces fazendo-a reagir. Bolas que frio, pensou. Lembrou-se do dia que passou enquanto percorria a calçada. Ao mesmo tempo que pisava as pedras com cuidado para que os saltos não se prendessem, recordava cada uma das emoções que lhe tinham sido apresentadas. De todas, fixou-se naquela causada pela memória, ainda presente, de uma voz que, sem aviso prévio e pelo telefone, lhe desejou um bom dia. Agora, tal como na altura, não imagina quem fosse, agora, tal como no momento, sentiu saudades. De quê? Fica a questão. Dela? Talvez... De outro? Porque não... Nem ela sabe... mas sabe que aquele arrepio que sentiu com aquela voz, com aquele bom dia a trouxe de novo à vida. E, voltou a achar-se bonita...

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